Ele estivera o tempo todo ali. Nunca saíra daquela fazenda.
Aquele lugar onde crescera tinha tudo o que precisava. Tinha servos de seu pai que o serviam constantemente, fora educado pelos melhores mordomos que poderia ter, seu pai era um homem rico e ele podia desfrutar de tudo naquela fazenda.
Porém, ele queria fazer por merecer. Não aceitava o fato de seu pai ser tão bom com os outros e mesmo com ele. Ele se recusava a aproveitar os benefícios de sua filiação, queria se sentir merecedor de tudo aquilo.
Então começou a trabalhar naquela fazenda, enquanto seu irmão apenas se divertia. E internamente, ele o condenava profundamente por isso. Ele começou a trabalhar ainda mais a fim de ser o mais digno trabalhador de seu pai e quem sabe conquistar reconhecimento. Ele queria ser o melhor daquele local. Ao passo que seu irmão mais novo, era o pior.
Chega o dia que seu irmão “chuta o balde”. Diz que aquele lugar é terrível (apesar de nunca ter trabalhado), e que não queria mais viver ali. Agora queria a parte que lhe cabia nos bens de seu pai. Iria para um outro país viver a sua própria vida. Seu pai, entristecido, lhe dá o dinheiro e ele vai embora. Ele vê seu irmão mais novo indo embora e internamente até fica aliviado de não ter que conviver mais com aquele mal exemplo e mal filho. Nada faz para impedi-lo, antes o condena internamente.
A vida continua aqui na fazenda e ele continua batalhando por ser o melhor filho que o pai poderia ter. Contudo, os calos de suas mãos não existiam porque ele trabalhava por prazer, não. Ele vivia na casa de seu pai, mas não se considerava um filho, e sim como um dos servos. Queria fazer por merecer. O pior é que seu pai tratava a todos de forma igual, e sequer lhe dava qualquer coisa por seu trabalho. Claro que o pai pensava que tudo que tinha era também dele, porém ele internamente não aceitava.
Um bom tempo se passa, e seu pai diariamente vai às portas da fazenda no fim de tarde para esperar pela volta de seu filho mais novo. E isso lhe machuca por dentro: “Eu nunca fui embora e meu pai não me dá valor. E esse filho esbanjador vai embora e ele o espera diariamente.” Ele queria que seu pai tivesse tempo e olhos para ele, contudo, todo o tempo e olhos de seu pai estavam sobre ele e não sobre seu irmão. Contudo, ele não conseguia enxergar isso. Qualquer atitude de seu pai o fazia pensar que não era amado.
Numa bela tarde, bem ao longe surge o filho pródigo (esbanjador). Seu pai o vê e corre para sua direção. Se alegra profundamente por sua volta. Estava morto e renasceu. Estava perdido e fora encontrado e seu pai dá uma grande festa pela volta de seu filho mais novo.
Aquele irmão mais velho havia saído e ao voltar vê uma grande festa em sua casa. Uma grande festa. O que aconteceu? Por quê há motivos para uma grande festa? Ele chega até um dos servos e pergunta o por quê daquilo. Ao que ouve a resposta: “Teu irmão voltou!! Seu pai está sobremodo feliz. Ele estava morto e foi encontrado. Chegou até a passar fome pelo que fiquei sabendo.”
Ele fica furioso. Ele se considera muito melhor que seu irmão e seu pai nunca dera uma festa para ele. Porém aquela festa não era para seu irmão mais novo, e sim para ele também. A comemoração era para ele, para o pai, para seu irmão, para todos. Porém ele não conseguia perceber isto.
Seu pai chega até ele e pergunta do por quê está tão chateado, deveria estar feliz. Ao que ele responde: “Eu tenho te servido todos estes anos e nunca me deste nem um cabrito magro para festejar com meus amigos. Esse teu filho esbanjador gasta toda sua herança com prostitutas, e volta para casa atrás de minha herança agora, e o senhor mata um boi gordo para ele.”
Seu pai se entristece novamente. Seu filho mais velho esteve ao seu lado todo esse tempo, mas não viveu como seu filho e sim como um escravo. Ele estava no paraíso, mas vivia um inferno. Agora tinha uma festa em sua própria casa e ele não queria entrar naquela festa, antes queria condenar aqueles que festejavam.
Assim é no Reino de Deus. Muitos estão na casa do Pai, porém não são como filhos e sim como escravos. Muitos estão a tantos anos na casa do Pai que se acham superiores aos filhos pródigos que voltam para casa, e estes filhos mais velhos, não querem entrar na festa do Senhor, pois se consideram superiores.
Que seu coração seja do Pai. Que sua vida seja do Pai. Que seus olhos estejam no Pai. Para celebrar com Ele, para desfrutar da presença dEle, para viver com Ele. E mesmo que esteja em face da morte, com a presença do Pai, o Supremo Pastor, não temeremos, pois Ele nos basta.