Apesar do meteórico crescimento nas pesquisas de intenção de voto, a socialista Marina Silva passa por uma intensa turbulência em seu plano de voo ao Palácio do Planalto que pode atrapalhar sua ambição de conquista do Governo. Os meios de comunicação, os candidatos concorrentes, o PSB e a própria candidata têm impingido no público a desconfiança de que a proposta de uma “nova política” não passa de uma promessa do passado, pautada por idas e vindas. A seguir alencamos alguns problemas pontuais.
Inconsistência política
A entrada de Marina Silva no Partido Socialista Brasileiro (PSB), em 2013, representou uma ruptura no programa que a candidata e a Rede Sustentabilidade desenvolviam. Autora da ideia de “renovação política”, Marina se vê cercada por quadros políticos questionáveis do ponto de vista ético. Alianças em estados estratégicos, como em São Paulo, onde o tesoureiro de campanha do PSB é vice na chapa de Geraldo Alckmim, contraria a ideia de uma “nova política”. Marina também enfrenta resistências internamente, em estados onde o agronegócio possui forte resistência à ela.
Falta de apoio no Estado de origem
Berço político da socialista, o Estado do Acre – onde Marina iniciou sua carreira política pelo Partido dos Trabalhadores (PT) – resiste ao programa encabeçado pela ex-seringueira. Não há base partidária sustentável no Estado. Segundo a Folha de São Paulo, “cinco anos após deixar o PT, que controla o governo estadual desde 1999, Marina sofre com a estrutura precária em seu Estado natal, onde a campanha tem pouca visibilidade nas ruas e padece de falta de recursos” (Poder, A7, 3/9). Na segunda (1/9), a única atividade partidária do PSB contou com 23 militantes voluntários.
A polêmica aquisição do jato Cesna
A denúncia de que o jato Cesna que Eduardo Campos e seus assessores usavam em viagens pelo Brasil teria sido adquirido de forma irregular – uma empresa de fachada de Recife daria suporte financeiro ao partido -, lançou um véu de dúvidas sobre os eleitores. Se o avião teria sido adquirido e mantido de forma irregular, como Eduardo e Marina não sabiam da situação da aeronave? E o principal: como conciliar as denúncias ao projeto de “nova política”, de afastamento do modelo?
Alianças contraditórias do vice Beto Albuquerque
Vice na chapa do PSB ao Palácio do Planalto, o então deputado federal pelo Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque, teria, segundo informações coletadas a partir de declarações oficiais, recebido ajuda financeira de setores do agronegócio e da indústria de armas. Albuquerque foi secretário de governo no RGS por duas vezes, sendo sua última passagem entre 2010 e 2011, na administração de Tarso Genro, quadro político mais à esquerda do PT. Albuquerque é a favor da soja transgênica.
Projetos populistas e inconsistentes
Concebidos com o intuito de alavancar a candidatura de Marina Silva, alguns projetos tidos como populistas – como o passe gratuíto para estudantes – são criticados pela ausência de parametros econômicos, de onde virão os recursos financeiros para torná-los realidade. A pouca representatividade no Congresso e no Senado é um problema que pode inviabilizar a aprovação dos projetos do seu recém-programa de governo. Sem apoio político não há convernança.
Apoio à união civil homossexual
Marina foi duramente criticada ao incluir em seu programa de governo uma referência à união civil homossexual e a criminalização da homofobia. Acuada pelas ameaças do pastor Silas Malafaia, em menos de 24 horas a socialista mudou o programa – pelo menos 300 exemplares que continham a referência ao movimento LGBT foram jogados no lixo. A desculpa de que a inclusão do item teria sido um erro de sua equipe não convenceu, e aumentou as dúvidas sobre a firmeza e caráter da candidata. A indagação é se, em um eventual governo, Marina Silva manterá uma posição firme, saberá dialogar com os vários seguimentos sociais, com as forças políticas? Questiona-se!
Plágio do Plano de Direitos Humanos
A mais recente turbulência a atingir o plano de voo de Marina Silva ao Palácio do Planalto foi desencandeada pelo suposto plágio de trechos do Plano Nacional de Direitos Humanos, lançado e publicado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em maio de 2012. Segundo a Folha de São Paulo, “dos dez itens defendidos pela campanha da pessebista, quatro foram integralmente copiados da proposta tucana”. A reportagem comparou os trechos do plano e “constatou que quatro parágrafos são identicos – três são reproduções integrais e, em um, há a troca de dois termos”.
Candidatura do Pastor Everaldo é a única genuinamente evangélica
Dado o fato de que a candidatura de Marina Silva é expontânea, sem qualquer indicação oficial de uma igreja evangélica, a do Pastor Everaldo desponta como a única de caráter denominacional – é o candidato oficial das Assembleias de Deus Madureira e tem o apoio do pastor Silas Malafaia. Everaldo é defensor da família tradicional, enquanto Marina é a favor da união civil homossexual.